sexta-feira, 24 de setembro de 2010

nó na garganta

faca cortando algodão-doce quem sabe é capaz
de oxidar o açúcar.
não se rasga algodão com faca.
um corte palpável é mais palatável e exige
a ponta dos dedos.
sem essa delicadeza é provável
a lâmina enferrujar o doce,
o doce descer pela garganta feito lã-de-vidro
e na entrada do esôfago parar, moído
entalado,
obliterado,

para o vidro não correr.



Ana Claudia Abrantes

5 comentários:

Anônimo disse...

gostoso vir aqui... Ana! Como é bom!
bjo

Letícia Palmeira disse...

Não se rasga algodão com faca.

Este é o meu nó na garganta.

Fred Caju disse...

Como é bom conhecer novas perspectivas de escrita. Gostei do eu jeito de escrever. Se você lembrou um pouco de Vinicius de Morais ao ler um poema meu; este, me fez lembrar do homem que considero o maior poeta das terras brasileiras: João Cabral de Melo Neto. Foi impossível, para mim, que leio Cabral como se fosse uma oração diária, não me lembrar de Uma Faca Só Lêmina. Mas o que mais gostei mesmo foi de reconhecer Cabral em uma escrita diferente do próprio poeta, ou seja, cheia das suas experiências, Ana. Creio que será um ótimo negócio visitá-la mais vezes.

Giardia disse...

nós... lindo!

♪ Sil disse...

Ana,

Vim agradecer suas palavras carinhosas, entro aqui, leio aos poucos seus escritos..
Impossivel não ficar aqui, te ler, me encontrar em tantas coisas.

É minha querida:

Não se rasga algodão com faca!

Perfeitooooooooo!

Um abraço meu!