Dormideiras falsas não precisam dormir.
O chamado da floresta nem sempre é um silvo.
Pode ser grunhido, pode ser gemido, num caminho simples.
Pode haver folhas róseas acabadas de nascer, ou feixes de gravetos frágeis
que inevitavelmente viram nada.
Caminho.
O deserto faz um zumbido contínuo.
O limite da cascata se perdeu no lado das fadas, mas alguém encontrou a fonte.
E agora no meu ouvido pinga delicadamente um chiado de dia e um ruído à noite.
E mesmo mais escassa a água a umidade é tanta.
E mesmo estando seca a cidade, a floresta orvalha.
Ana Claudia Abrantes