sábado, 9 de abril de 2011

moscas

o amor, ao qual eu fico submisso,
me rói as unhas, me parte os cabelos pelo meio,
antes da raiz.
depois de muita melancia,
bota um monte de bosta, onde até as borboletas
vêm lamber açúcar.
não molho só os dedos na água de lavanda;
mergulho os braços até os cotovelos,
após tatear sua gordura.

então, com mãos cheirosas, espanando, afasto as moscas
da nossa cama.


Ana Claudia Abrantes

segunda-feira, 4 de abril de 2011

terço rasgado

tragam-me biscoitos amanteigados e vinho fresco
e eu os honrarei com vontade, como se fossem vinho e hóstia.
depois eles fermentarão por horas
e eu os espargirei com o diafragma, em jatos,
sobre a pia; são a náusea desses dias.

e a resposta às minhas orações
tem secreções que pingam
pelo ralo.




Ana Claudia Abrantes