sábado, 25 de outubro de 2008

nietzche

agora já descobri: nietshie é em ordem descrescente.
do maior para o menor seria a reforma agrária, mas não é assim.
é dos últimos para os primeiros, como falou o Senhor.
e a profecia se cumpre, sim (!): primeiro o “z”, que é sempre o último no alfabeto,
depois as curvas do meio do “s”,
e “c” de casa no final, embora esse tenha o terceiro lugar no abc.
assim: Nietzsche!
eis um semiótico modo de guardar um número de telefone que se vai esquecer
nos fundos da memória curta para uso rápido.
e nunca mais vai se ligar para lá: _ alô, o nietczchiez está?
mas o exemplo improcedente não confere
nem com terras, nem com Deus, nem com as telecomunicações.
todos talvez pelos mesmos motivos:
niestzche, nii-lista que ele é, nem tem nome na lista telefônica.

Ana Claudia Abrantes
25/10/2008

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Patrícia

(Em resposta a uma simpática interlocução no meu Orkut)
Como vou explicar aquilo que é minha melhor expressão nesse mundo? Sim, na minha opinião. Qualquer um que me vir, tentando esclarecer o que me vai por dentro, qualquer amor, amigo, amiga que já me viu tentando explicar o que me é mais caro já notou: eu não sei, Patrícia.
Gaguejar, titubear, achar engraçado, temer, chorar é pouco. Falar num campo minado então, vai dar merda. Aí não tem jeito, melhor vestir a roupa asséptica do distanciamento, do senso comum para a voz não sair embargada e acabar obliterando as idéias.
As palavras escritas não me escondem, não. Elas me revelam. Selvagem eu sou é por dentro. Muitos dizem que não entendem nada, outros dizem que dá uma coisa... Então confio na entrelinha _ meu demônio pessoal de estimação. Mas sim, a palavra escrita me revela a mim antes de a quaisquer outros. Saquei, escrevendo, o quanto eu gostava do Jacques; confirmei, numa explosão, que eu amo minha amiga de infância, a Carla.
É que a argumentação me prende muito sabe. Argumentar é pura vaidade, pura vaidade. A poesia, não. Não falo dos poetas, entende, falo da poesia. E a poesia, essa linguagem simbólica, essa combinação vermelha e úmida de palavras e sons... A poesia que fica trotando no céu da minha boca... A poesia está acima de todas as falácias e também de todas as rimas. A poesia me absolve de mim.
Mas não. Não é verdade que é só pra mim. É que é primeiro pra mim, é diferente. As parcerias que me faltam vêm dessa vida de professora que não me dá folga (sem estereótipos, nem queixas inócuas tá, não estou aqui nem na sala pra isso, blá, blá, blá...). Também sou uma internauta analfabeta, daí que minha poesia fica quase afônica; eu é que não sei lhe dar veículos. E claro que eu gostaria de interagir com outros escritores e leitores, eu sou até simpática... Nas férias (ou na segunda-feira!) eu começo a organizar as parcerias desse blog aqui, prometo.
E aí, eu te dei material para a tese que vai se transformando em algo maior? Se quiser, é só pedir que tem mais aqui.
Um beijo pra ti, e aproveitando a oportunidade, um beijo pra todo mundo...
Ana Claudia
P.S. Qualquer tom mais jocosinho (que palavra legal...) é pura brincadeira. Mesmo.


Ana Claudia Abrantes

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

boa noite, amor

boa noite, amor
delicado mar
de amar ego
é amar-go
amar o amor.
boa noite, amor

Ana Claudia Abrantes

declaração

Tê,
...

Ãná

teano
teando
tanto,
meu amor

Ana Claudia Abrantes

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Palma da mão

O mundo inteiro cabe na palma da mão da vidente, que mente se diz que meu coração é forte. Na palma da mão da vidente todos os destinos se encontram: hipertextos cruzados de vozes cruzadas. Ouço as vozes todas que questionam o destino cujo mal e bem se escondem na dor de não saber: e o amor? e o que será de mim? e haverá dinheiro? e haverá gana? haverá cama? haverá lama, fama, chama, alma? haverá amor?
A palma da mão da vidente é onde os mares principiam, onde a vida recomeça em festa vã e-terna, e a morte espera calmamente a sorte do dia d de alguém. Como num ponto em que todas as linhas se superpõem e se constituem no norte da rosa dos ventos _ uma rosa de norte e sul, leste e oeste em S e no centro um grande O: SOS norteando para o infinito azul.

Depressão matutina, mas a manhã estava, diferentemente dos outros dias, dos meses que se seguiam frios, a manhã estava azul. É com a cor azul que recomeço essa história.

Continuo a escrever (agora menos)... e a viver. Mas sem saber o que há na palma da mão da vidente, ou sem conhecer as linhas do meu caminho; sem fazer diretamente as perguntas que me sufocam e sufocam a todos nós.

Eu nasci azul, de tão abafada...