Quero compreender (1994, p. 50)
Compreender.
Ao perceber repentinamente o episódio amoroso como um nó de razões inexplicáveis e de soluções bloqueadas, a pessoa exclama:
1. _ “A mulher que mais amei me achava um Deus, mas não me adorava”! – dizendo isso, k. se esconde atrás do cartaz que desenhou com lápis cera, cola colorida e purpurina, onde pintou um sorriso sem olhos, para servir de máscara grega. A outra, que nunca foi a outra nem a mesma, uiva como os cachorros sem vergonha de saudade do dono, mas não desenha e mete a cara no proscênio:
_ O pano de boca está manchado de batom cor de rosa, mas a plateia é marrom.
2. A plateia movimenta-se sobre os assentos, mas não grita, pois não está assistindo a uma final de futebol. Um admirador, completamente seduzido por tamanha altivez, sopra do fundo:
3. _ Bela kiki, você é só afeto.
Ana Claudia Abrantes
4 comentários:
o deus amado de hoje pode ser o cachorro amante do amanhã...mas há sempr margem para nos estarmos no coração de alguém sendo deus ou não...mas creio que o melhor mesmo pe ser gente
Justamente.
e vamos vivendo a morte nos outros e morrendo a vida de tantos... parafraseando Heráclito.
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