Juliet está florindo de novo, e entre a clavícula e a tíbia ela engordou. O seu corpo no chão as coxas grossas sustentam. E o ventre a cada dia se insinua, não por semente, mas por idade. Os seios continuam, por enquanto saltitam para, quem sabe, perfurar pensamentos ou para arrancarem-se os bicos. Servem. O rosto nunca mais o mesmo os sulcos
cada dia mais profundos os olhos...
nunca mais inocentes, mas eles continuam brilhando por saudade.
Juliet está florindo de novo.
Arranquei as flores velhas e secas quando vi que não podiam mais e agora
eu vou queimar os meus gravetos e veias, pois só brotando de novo eu poderei
ser Juliet também.
Ana Claudia Abrantes
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
terça-feira, 19 de outubro de 2010
reincidência
o quarto acordou com cheiro de passado, passei inseticida.
limpei gaveta, armário, chão, cortinado
tua imagem
deixei no porta-retrato.
Ana Claudia Abrantes
limpei gaveta, armário, chão, cortinado
tua imagem
deixei no porta-retrato.
Ana Claudia Abrantes
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
o tempo e o afogado
não é possível conter o avanço das cáries.
atrasar o relógio seria lúdico,
mas o corpo continua cansando
até a fadiga.
tento flashes e fotografias
para parar os dentes,
mas eles ainda escurecem
dentro da boca.
enquanto isso no fundo do rio
fazem força duas correntes.
elas se opõem e pesam.
é por isso
que o náufrago fica
ali para sempre.
Ana Claudia Abrantes
atrasar o relógio seria lúdico,
mas o corpo continua cansando
até a fadiga.
tento flashes e fotografias
para parar os dentes,
mas eles ainda escurecem
dentro da boca.
enquanto isso no fundo do rio
fazem força duas correntes.
elas se opõem e pesam.
é por isso
que o náufrago fica
ali para sempre.
Ana Claudia Abrantes
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Todas as putas poéticas, minhas amigas, são bem-vindas ( ou... Dividindo Orfeu)
Acordes não tocam sem acordar lobos, fadas e bruxas, igualmente.
Por uma outra música
nos meus ouvidos eu vou até o seu sax
que faz
o som que levanta e desata os nossos nós.
E para rompermos histéricas o silêncio da madrugada
com uivos roucos,
nós possuímos as suas cordas também,
barbarizamos você.
Por isso cante calmo, fale calmo, mas sem recitar, não afete,
que um poema afetado é um poema perdido
e não queremos deixar nada cair.
Mas abundância sem juízo
retratos espalhados, reincidências e crimes invictos
não são desperdício.
Sim, assim... um pouco mais lento e profundo, ou breve e eficaz.
Agora passe para o violão, o sol já vem sem blues.
Levante o dia para as possuídas, Orfeu Das Seis...
Um cheiro de mel de abelha e canela
misturou-se com o seu café forte,
que não bebemos bem acordadas: deliradas.
Entredormidas, vamos erguer palavras a partir de agora.
Com alguma prolação.
Então fica combinado assim:
de dia escrevo para arder à noite;
viremos em bando queimar aqui.
Ana Claudia Abrantes
Por uma outra música
nos meus ouvidos eu vou até o seu sax
que faz
o som que levanta e desata os nossos nós.
E para rompermos histéricas o silêncio da madrugada
com uivos roucos,
nós possuímos as suas cordas também,
barbarizamos você.
Por isso cante calmo, fale calmo, mas sem recitar, não afete,
que um poema afetado é um poema perdido
e não queremos deixar nada cair.
Mas abundância sem juízo
retratos espalhados, reincidências e crimes invictos
não são desperdício.
Sim, assim... um pouco mais lento e profundo, ou breve e eficaz.
Agora passe para o violão, o sol já vem sem blues.
Levante o dia para as possuídas, Orfeu Das Seis...
Um cheiro de mel de abelha e canela
misturou-se com o seu café forte,
que não bebemos bem acordadas: deliradas.
Entredormidas, vamos erguer palavras a partir de agora.
Com alguma prolação.
Então fica combinado assim:
de dia escrevo para arder à noite;
viremos em bando queimar aqui.
Ana Claudia Abrantes
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
nó na garganta
faca cortando algodão-doce quem sabe é capaz
de oxidar o açúcar.
não se rasga algodão com faca.
um corte palpável é mais palatável e exige
a ponta dos dedos.
sem essa delicadeza é provável
a lâmina enferrujar o doce,
o doce descer pela garganta feito lã-de-vidro
e na entrada do esôfago parar, moído
entalado,
obliterado,
para o vidro não correr.
Ana Claudia Abrantes
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
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