quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Amores surdos

Eu me porei na posição clássica.
Membros inferiores formando o menor polígono possível:
de bruços, uma das pernas levemente flexionada, a outra estendida,
o rosto inteiro quase enterrado no travesseiro,
os braços esticados para trás:
um ao longo do corpo, o outro com os dedos espalhados nas nádegas;

separá-las.



Eu não te darei o meu sorriso mais cândido
nem te direi as palavras mais sujas.
Apenas te falarei em húngaro
ou qualquer língua não latina:
"És a primeira e a última vez."
(Por aqui eu morreria de quatro
em várias línguas
melodiosas),
Por isso meu gemido será surdo
e te entronizo no universo dos meus punhos se abrindo em facas;
sou um bode cabeceando a porta.



Ana Claudia Abrantes

Um comentário:

Robert Ramos disse...

Muito bom , meus parabéns.