quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Floresta da Tijuca

Dormideiras falsas não precisam dormir.
O chamado da floresta nem sempre é um silvo.
Pode ser grunhido, pode ser gemido, num caminho simples.
Pode haver folhas róseas acabadas de nascer, ou feixes de gravetos frágeis
que inevitavelmente viram nada.

Caminho.

O deserto faz um zumbido contínuo.
O limite da cascata se perdeu no lado das fadas, mas alguém encontrou a fonte.
E agora no meu ouvido pinga delicadamente um chiado de dia e um ruído à noite.

E mesmo mais escassa a água a umidade é tanta.
E mesmo estando seca a cidade, a floresta orvalha.







Ana Claudia Abrantes

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, que lindo!

A linguagem da natureza contrastando com a nossa. O que cada um grita. As formas diferentes de se escutar.

Amei!

Beijo.

Yan Venturin disse...

Lindo... tão lindo quanto o contraste naturezaxcidade que é só mais um dos paradoxos que só fazem sentido e beleza na confusão artistica e maravilhosa que é nosso Rio de Janeiro. Viva a natureza, viva a cidade, viva a arte, viva a poesia, viva a vida, viva o Rio! E que todos os dias do ano sejão primavera...