terça-feira, 29 de julho de 2008

Sonhos

Hoje eu queria muito escrever sobre sonhos. Os meus, os dos outros, os meus comigo, os dos outros comigo, os meus com os outros. Eu queria dizer que não tenho culpa e que tenho sim. Que quis e que não quis. Que matei sim e que morri por dentro. Que matei sim, mas também morri. E que depois nunca mais sorri com sinceridade. Mas eu não consigo dizer isso tudo, ou nada disso, então deixo de dizer concretamente:

Óbvio que sonho sonhos que lamento óbvios sonhos de ternura e ódio contra as próprias vísceras e sim.
Sim aos que seriam nossos que diriam lógicos aos nossos sonhos, “sim!”.
Vício que lamenta sonhos de ternura e ópio de um filho pródigo que fugiu do sim que seguiu o fim que manteve além o infinito bem, o esquecido mal, o prevenido sal na ponta da língua, do umbigo, do laço que se desfez e rápido se escondeu num átimo do tempo e o máximo a contento é o mínimo que se pode ser, que se pode esperar, que se pode sonhar. Com um vazio de notas, com uma caixa vazia, uma concha vazia, uma mão aberta em concha, um silêncio aberto em entrelinha, e as demandas (próprias e alheias) cheias de gás e de lágrimas.

Ana Claudia Abrantes
29/07/2008

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