farrapos e pedras quebradas
e mesmo assim
o amor ainda
crescendo em ruínas
Ana Claudia Abrantes
(Depois de visitar ParadoXos)
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
quadrilhas malcriadas
a pata só baba pelo esperto porque o esperto só bebe o que o bobo perdeu.
o bobo só baba pela pata porque sabe o que bebe quem venceu...
a pata não sabe que o bobo só não sabe falar nem dizer é meu.
a pata não sabe que o esperto é o pato babando o que o gato comeu.
Ana Claudia Abrantes
As quadrilhas malcriadas veem o gato e o invejam.
o bobo só baba pela pata porque sabe o que bebe quem venceu...
a pata não sabe que o bobo só não sabe falar nem dizer é meu.
a pata não sabe que o esperto é o pato babando o que o gato comeu.
Ana Claudia Abrantes
As quadrilhas malcriadas veem o gato e o invejam.
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
delicadas desilusões
menino caminhando com espelho encostado na frente do corpo e refletindo o teto
sabe muito bem o que é andar nas nuvens e cair do céu.
Ana Claudia Abrantes
sabe muito bem o que é andar nas nuvens e cair do céu.
Ana Claudia Abrantes
terça-feira, 17 de agosto de 2010
o vento e o tempo
agora é o vento
não o sopro.
é o vento espalhando as notícias
que não contamos.
as cartas que não remetemos,
os bilhetes reescritos rasgados,
as nossas palavras retrocedentes:
tudo é quase e ventania,
tudo solto.
todos os papéis picotados,
centrífugos, alados
que não rejuntamos.
tarde demais.
rodam em espiral no centro do pátio,
na tarde fria a farfalhar,
os pedaços de recado que amarelaram.
virou papiro a nossa última mensagem
e ressecou em pequenos cacos.
as anotações no canto da página 74
já não explicam mais
já não perguntam mais.
nem excitam curiosidade.
agora é o vento,
não o sopro.
é o vento que só não desfaz
o caminho da luz indireta
sobre as flores
que arrancamos,
pensando em nascerem outras.
mas é por pouco.
agora é o vento,
carregando o tempo
no topo
do redemoinho.
é o vento agora quebrando
a ampulheta,
soltando as maldições, os ciscos,
as horas e a areia
sobre nós.
é o vento, tiritando os dentes da gente,
enregelando os espaços vazios
entre os feitos e os não feitos,
entre o cachecol o pescoço a orelha e a cabeça
(importante não perder uma coisa nem outra)
impossível conciliar
o ar
quando ondas sopradas de todas as direções
e ambos os sentidos
arrebentam sobre a brisa fresca.
enchendo os olhos, arranhando
aderindo às narinas,
chocando o céu da nossa boca
com pedaços de gravetos, folhas secas e poeira.
agora é o vento,
não o sopro.
o vento invade entredentes e tilintes
nosso paladar das coisas,
freme até nossa saliva, granuloso,
com o tempo arenoso nas gengivas.
Ana Claudia Abrantes
não o sopro.
é o vento espalhando as notícias
que não contamos.
as cartas que não remetemos,
os bilhetes reescritos rasgados,
as nossas palavras retrocedentes:
tudo é quase e ventania,
tudo solto.
todos os papéis picotados,
centrífugos, alados
que não rejuntamos.
tarde demais.
rodam em espiral no centro do pátio,
na tarde fria a farfalhar,
os pedaços de recado que amarelaram.
virou papiro a nossa última mensagem
e ressecou em pequenos cacos.
as anotações no canto da página 74
já não explicam mais
já não perguntam mais.
nem excitam curiosidade.
agora é o vento,
não o sopro.
é o vento que só não desfaz
o caminho da luz indireta
sobre as flores
que arrancamos,
pensando em nascerem outras.
mas é por pouco.
agora é o vento,
carregando o tempo
no topo
do redemoinho.
é o vento agora quebrando
a ampulheta,
soltando as maldições, os ciscos,
as horas e a areia
sobre nós.
é o vento, tiritando os dentes da gente,
enregelando os espaços vazios
entre os feitos e os não feitos,
entre o cachecol o pescoço a orelha e a cabeça
(importante não perder uma coisa nem outra)
impossível conciliar
o ar
quando ondas sopradas de todas as direções
e ambos os sentidos
arrebentam sobre a brisa fresca.
enchendo os olhos, arranhando
aderindo às narinas,
chocando o céu da nossa boca
com pedaços de gravetos, folhas secas e poeira.
agora é o vento,
não o sopro.
o vento invade entredentes e tilintes
nosso paladar das coisas,
freme até nossa saliva, granuloso,
com o tempo arenoso nas gengivas.
Ana Claudia Abrantes
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
corpo estranho
as águas nunca são a água.
as águas são
águas com águas com águas.
adere a fonte ao riacho
o riacho ao rio
adere o rio
ao mar.
as águas se lavam mutuamente,
águas múltiplas aderentes
no enxaguar.
as águas que saltitam beliscando pedras
ou as que pesam sobre o chão de lagos,
todas as águas
são várias.
águas paradas e querentes,
absorventes ou correntes, as águas
não aguam
pelo singular.
as águas só aguam
por aguar.
Ana Claudia Abrantes
(vídeo de antoniodepaduajr, aqui no alto e aqui: http://www.youtube.com/?hl=pt-BR&tab=w1&gl=BR)
Assinar:
Postagens (Atom)