terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

destempo

amar, sem, querer,
este, sem, poder
sem, querer.
me quererem, contrária, do que sou,
e assim, terem, a mim,
pela metade:
um destempo de tudo.
chorar, enquanto, vão,
ir, enquanto, ficam.

aqui, não é, agora,
outrora, éamanhã, talvez.



Ana Claudia Abrantes
09 de fevereiro de 2010

3 comentários:

Nilson Barcelli disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nilson Barcelli disse...

Querida amiga Ana, vc escreveu um poema nada fácil de interpretar por causa da pontuação...
Mas acho que o percebi...
Há sempre razões para nos quererem, verem e sentirem de uma maneira diferente do que nós achamos correcto.
Por um lado, porque cada um nos vê de maneira diferente.
Por outro lado, nós é que podemos estar desfasados da nossa própria realidade.
Para complicar mais a situação, nós não somos seres totalmente unos e coerentes. Temos várias faces, vários "eus".
É por isso que há quem diga: "Quem sou eu? Não sei quem sou...".


Para "ajudar à missa"... ou seja, para complementar o que penso sobre o assunto, aqui vai um poema que escrevi em Setembro do ano passado:



Incontáveis são os eus que nos habitam.
Diferentes os meus dos teus,
mesmo não os podendo comparar,
porque, tal como tu, por dentro não me vejo.

Vejo-te quando te imagino ou sinto,
mas desconheço qual de mim te vê.
Não sei qual de ti me imagina e sente,
nem sei qual de mim tu vês.
Se eu chamar de alma
àquilo que em nós imagina e sente,
as almas que temos são muitas.
Tantas almas quantos os eus,
que lutam entre si continuamente
para monopolizarem o imaginar e o sentir.

Quando nos tocarmos, vamos contar
quantas das nossas almas se beijam
e, só então, saberemos se é
com amor que os nossos eus se entrelaçam.



Querida amiga, bom fim de semana e bom Carnaval.

Um beijo.

marcella disse...

Virei fã;