segunda-feira, 17 de março de 2008

três e quatro

abra-se o sol para a lua entrar abra-se o mar.

abra-se o calor e instale-se o frio abra-se o rio.

e que este amor abra-se assim e vá.

vá adiante além embora em boa hora.

que ele desista e não insista amor meu

louco como espada em algodão inofensivo

manchando de vermelho sem sentido a cerda a lã o vinco

da pele pálida de esperança retardada em biênio.

a bienal do amor na minha casa

é onde o coração mancha de ácido a entrega dos vazios.

amor que se perdeu em suspensão sem nome,

amor que se esqueceu de acontecer

como mentira quintanesca e tão inocente

porque mentira de criança em quem se crê.

que venha a idade, me invada, arte

de fazer do tempo o aprendiz do torto irregular

para acolher a curva e o que há, depois.

depois me deixe só a saliva no canto da boca

que eu sei ficar com o que me resta e que é só meu.

foi só aqui que aconteceu,

foi só aqui que a vida fez seu universo em fábula,

embrulhado em reluzente bolha de sabão que explodiu do amanhã.



Ana Claudia Abrantes

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