Quando perdi, senti a língua mastigar a terra molhada misturada ao sangue entre meus dentes. Meus olhos se perderam num desmaio. Despertando, confirmei que tinha perdido mesmo e tornei a dormir pra esquecer. Mas o sono não apaga qualquer coisa, então esforcei-me para me manter alerta no escuro. Abri os olhos para dentro, tive medo. Chorei primeiro delicada depois prostrada de uma vez. Assustei-me, mas não corri. Vieram-me todos os enredos e poemas levantar-me e o desencanto em que me encontrei já não era uma desgraça. Foi assim que peguei gosto às derrotas.
Agora suspendo castelos de cartas no vento, ancoro barcos de papel, ilumino o dia com lanternas. E em meu caminho fico esperando estrelas que eu não deixo brilhar.
(Depois de ler Noite sem lua, de SMS e TS)
Ana Claudia Abrantes
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