Acordes não tocam sem acordar lobos, fadas e bruxas, igualmente.
Por uma outra música
nos meus ouvidos eu vou até o seu sax
que faz
o som que levanta e desata os nossos nós.
E para rompermos histéricas o silêncio da madrugada
com uivos roucos,
nós possuímos as suas cordas também,
barbarizamos você.
Por isso cante calmo, fale calmo, mas sem recitar, não afete,
que um poema afetado é um poema perdido
e não queremos deixar nada cair.
Mas abundância sem juízo
retratos espalhados, reincidências e crimes invictos
não são desperdício.
Sim, assim... um pouco mais lento e profundo, ou breve e eficaz.
Agora passe para o violão, o sol já vem sem blues.
Levante o dia para as possuídas, Orfeu Das Seis...
Um cheiro de mel de abelha e canela
misturou-se com o seu café forte,
que não bebemos bem acordadas: deliradas.
Entredormidas, vamos erguer palavras a partir de agora.
Com alguma prolação.
Então fica combinado assim:
de dia escrevo para arder à noite;
viremos em bando queimar aqui.
Ana Claudia Abrantes
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
nó na garganta
faca cortando algodão-doce quem sabe é capaz
de oxidar o açúcar.
não se rasga algodão com faca.
um corte palpável é mais palatável e exige
a ponta dos dedos.
sem essa delicadeza é provável
a lâmina enferrujar o doce,
o doce descer pela garganta feito lã-de-vidro
e na entrada do esôfago parar, moído
entalado,
obliterado,
para o vidro não correr.
Ana Claudia Abrantes
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
beijo negado:
um arco-íris que diz não.
a memória colorida vencida.
uma Estrela Cadente de um céu sem véu.
e os lábios distantes, tamanhos,
de fel
como um soco em minha boca ardente
ainda quente.
Ana Claudia Abrantes
a memória colorida vencida.
uma Estrela Cadente de um céu sem véu.
e os lábios distantes, tamanhos,
de fel
como um soco em minha boca ardente
ainda quente.
Ana Claudia Abrantes
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
insípida e fresca
água bebida na concha da mão é que nem poesia, um mal secreto.
está chovendo dentro da gente
e não voltamos iguais.
Ana Claudia Abrantes
está chovendo dentro da gente
e não voltamos iguais.
Ana Claudia Abrantes
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Amelie
Dentre tudo o que prometia
cama
mesa
banho
área e varanda
toddy na mão
colo sem tesão
tesão com colon
com jazz
ou funk
nada
dava mais prazer
que ler
seu livro favorito
com o bumbum empinado
sobre a cama.
Ana Claudia Abrantes
cama
mesa
banho
área e varanda
toddy na mão
colo sem tesão
tesão com colon
com jazz
ou funk
nada
dava mais prazer
que ler
seu livro favorito
com o bumbum empinado
sobre a cama.
Ana Claudia Abrantes
sábado, 4 de setembro de 2010
Perdão
Não vá chorar a Deus a vergonha de teus olhos grandes e baços.
antes de julgar os olhos, a boca, o gosto alheio, escuta
a tua alma que pede pra voar, mas implode nervosa,
a tua alma entalada pela tua inveja, e Deus
nada tem a ver com isso.
me beija, então, e esquece
agruras aqui na minha boca são mais nuas
e não há vergonha,
somente olhos
cegos,
semente
e misericórdia.
Ana Claudia Abrantes
antes de julgar os olhos, a boca, o gosto alheio, escuta
a tua alma que pede pra voar, mas implode nervosa,
a tua alma entalada pela tua inveja, e Deus
nada tem a ver com isso.
me beija, então, e esquece
agruras aqui na minha boca são mais nuas
e não há vergonha,
somente olhos
cegos,
semente
e misericórdia.
Ana Claudia Abrantes
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
a vela
revelar suas vias é vê-la
ao vento nos cabelos,
velando
a direção que singra
o mar.
revela e avança, aquática
da vela vem o céu, o impulso
a desvelar do ar a força
de levar.
Ana Claudia Abrantes
ao vento nos cabelos,
velando
a direção que singra
o mar.
revela e avança, aquática
da vela vem o céu, o impulso
a desvelar do ar a força
de levar.
Ana Claudia Abrantes
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