Fora
tudo lembrava antítese.
tudo lembrava pequenez e hipertrofia.
o eclipse do sol no teto e um vento quase a derrubar os passarinhos.
Ali
tudo lembrava que virava enguia
esguia, esquiou entorses, patinou em lagoa vasta
fluida como água que toma a forma do continente.
espalhar-se para ser elástica,
contorcer-se para alongar-se.
para tomar espaço, gaseificar-se.
para perder-se, fragmentar-se.
escorrer, permeando o concreto,
infiltrar as muralhas do outro.
desviar contornando, abraçando
a extensão dos volumes, inclusive os enormes _
como água.
e achar-se enfim caco a caco, pedaço de não e sim.
e então igualar-se, ser mágica:
expandir-se do chão ao teto, nivelar-se:
dar ao corpo justamente
a dimensão do pensamento.
Ana Claudia Abrantes
(março de 2008)
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