domingo, 16 de março de 2008

um lugar de igualdade


Fora

tudo lembrava antítese.

tudo lembrava pequenez e hipertrofia.

o eclipse do sol no teto e um vento quase a derrubar os passarinhos.

Ali

tudo lembrava que virava enguia

esguia, esquiou entorses, patinou em lagoa vasta

fluida como água que toma a forma do continente.

espalhar-se para ser elástica,

contorcer-se para alongar-se.

para tomar espaço, gaseificar-se.

para perder-se, fragmentar-se.

escorrer, permeando o concreto,

infiltrar as muralhas do outro.

desviar contornando, abraçando

a extensão dos volumes, inclusive os enormes _

como água.

e achar-se enfim caco a caco, pedaço de não e sim.

e então igualar-se, ser mágica:

expandir-se do chão ao teto, nivelar-se:

dar ao corpo justamente

a dimensão do pensamento.

Ana Claudia Abrantes

(março de 2008)

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