quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O esqueleto

Áspero e ressecado. A luta cotidiana contra barreiras de vidro não forjou por completo sua rigidez, por isso não impediu as fissuras de sua alma sensível deveras.

É por elas que sua
uma delicadeza nos olhos,
um amor engasgado,
um nó.

E porque não se pode quebrar,
veda, todos os dias, com uma mistura de cal, cuspe e mágoa
as próprias rachaduras.

Mas no fim do dia é que vem o desejo
de um banho de alecrim,
água de sálvia, água que o salve...
E o desejo é sempre tão forte que, dos sonhos, ele sempre desperta
com os ossos úmidos.


Ana Claudia Abrantes
27 de novembro de 2008

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