a vida sem poesia é corpo em risco em queda em livre audácia do impacto,
em choque cáctus _ tenso elástico rompido.
é também uma estética, uma fórmula máscula do selvagem épico-narrativo
de menino abrupto.
a vida sem poesia é haste tensionada até o máximo grau impossível, é teste.
é testículo, é a testosterona dos sentidos primários na força ancestral bruta real patética e necessária (?).
é baque, é batuta, é percussão de samba sem letra candomblé e batente.
Scorsese, Tarantino, macacos e meninos sem lei.
é pega, é polícia, é favela de verão, futebol, urro rock Rio fálico trágico tiro e faca.
a vida sem poesia é corrida, guerra, disputa, é técnica.
é vazão do ego maior que o ego maior que.
tudo é veloz no corpo em risco dos meninos
e bailarinos de pulos sem impulso, meta sem preliminar, gol sem finta, beijo roubado, equilíbrio-segundo
e assalto.
mas, no cordão de fogo e dínamo cabe, estranho e delicado, um doce monstro:
uma fresta de luz indireta, uma seta torta, uma porta aberta:
cabe, espaçoso e mágico, um gigante urso de pelúcia.
Ana Claudia Abrantes
02/11/2007)
(Cena 11 no Municipal, durante o Festival Internacional Panorama de Dança)
Nenhum comentário:
Postar um comentário