Giovanna é uma rosa de pedra. Ela não tem sede. Como rosa é rainha, e como pedra é retesada. Giovanna é dura como a mais bela não poderia e, como pedra, ela teme a água. Teme o lume que dela a água faria: rosa fraca desfolhada. Botão hidrofóbico encharcado não se abre ou, se abre, quebra. Rosa quase verde, quase cálida, rosa sem jardim. Giovanna com água é pedra em genuflexão e, porque se inclina, perde sua natureza excêntrica de pedra. Uma pedra não se rende, Giovanna.
Giovanna não sabe que eu tenho sede. Uma sede infinita e ancestral. Não sabe que amor e água são a minha inteira natureza. E que todas as criaturas do mundo têm sede na minha memória.
Giovanna molhada chora. Ela está morrendo agora, bem na minha mesa, de tanto amor que eu lhe dei.
Ana Claudia Abrantes
12 de janeiro de 2009