quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Segredos de andar com pipas
O segredo é não ficar completamente ereta.
Há de se ter um leve inclinar que no alto empina,
alguma coisa que se torne acima, que se erga orgulhosa,
mas que se estique como a pipa, ao mesmo tempo aérea e em molejo.
Uns ombros mais arredios que o esterno,
um esgar de meia entrada na sala, como se, estando ali, fosse inevitável estar em outro lugar.
Deslizar,
mantendo umas porosidades e recantos :
absorvências e visgos antes preparados com cerol, tempo e postes de luz.
Assim delgada, voar.
.
.
.
Prender,
em ocasiões incidentais.
Cortar, sem intenção...
Ana Claudia Abrantes
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
digestibilidade OU os gatos
o impulso inaugural junta
o polegar e o indicador nos cabelos crespos e puxa, pela primeira vez.
e desde a primeira vez escorre um prazer de molhar virilhas de suor e sede.
depois eles passam unidos as horas da tarde, gozando mecha a mecha
as falhas, as frestas como resultado.
mas paira aquela fome de comer cabelo angustiante,
exposta languidamente em ângulos óbvios
de uma nudez pouco excitante, e ávida.
precisam de mais.
como traças conhecem os cantos mais porosos e digestivos,
eles se conhecem mordiscando a penugem das nucas, serelepes.
a vasta cabeleira também saltita em tufos concentrados, que caem.
entre as pequenas moitas que sobram no couro cabeludo, a pele clara
revela as veias mais verdes.
os olhos ainda são azuis, só mais expostos e escuros.
estão assim,
fazendo bolas de pelo e de saliva, fios entre os dedos.
e mesmo agora
ambos ainda querem todos os poemas
e provar papel de versos, nanquim e grafite, pele e unhas
até o sabugo.
Ana Claudia Abrantes
o polegar e o indicador nos cabelos crespos e puxa, pela primeira vez.
e desde a primeira vez escorre um prazer de molhar virilhas de suor e sede.
depois eles passam unidos as horas da tarde, gozando mecha a mecha
as falhas, as frestas como resultado.
mas paira aquela fome de comer cabelo angustiante,
exposta languidamente em ângulos óbvios
de uma nudez pouco excitante, e ávida.
precisam de mais.
como traças conhecem os cantos mais porosos e digestivos,
eles se conhecem mordiscando a penugem das nucas, serelepes.
a vasta cabeleira também saltita em tufos concentrados, que caem.
entre as pequenas moitas que sobram no couro cabeludo, a pele clara
revela as veias mais verdes.
os olhos ainda são azuis, só mais expostos e escuros.
estão assim,
fazendo bolas de pelo e de saliva, fios entre os dedos.
e mesmo agora
ambos ainda querem todos os poemas
e provar papel de versos, nanquim e grafite, pele e unhas
até o sabugo.
Ana Claudia Abrantes
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